opinião

OPINIÃO: A Praça é nossa

Passamos mais de um mês na Praça Saldanha Marinho, com programações quase diárias. Os pinheirinhos no coreto, decorados como os da nossa casa, a árvore maior em frente à casa do Papai Noel também com pequenos enfeites, muitos quebráveis, delicados. Nas janelas da casinha mais enfeites, no banco também. Nos canteiros foram colocadas pedras brancas para receber as figuras do presépio. A Praça ficou bonita e centenas de pessoas paravam para fazer suas fotos, suas selfies ou simplesmente para admirar. A ideia era essa, uma praça "de coração" para viver o Natal.

E assim passaram mais de 30 dias e nenhum enfeite foi tirado, nenhum foi quebrado, nada foi vandalizado, nada foi furtado.

Comentei isso numa das últimas noites de programação e ouvi de um amigo sobre a Teoria das Vidraças Quebradas. Fui procurar. O estudo que dá origem à teoria foi desenvolvido pelo psicólogo especializado em criminologia George Kelling e o cientista político James Wilson, ambos americanos. De acordo com a teoria, um ambiente de desordem pode ser o maior responsável pelo aumento dos índices de criminalidade do lugar, ou seja, existe uma relação de causa e consequência entre a desordem social e a criminalidade.

A partir deste estudo, outros surgiram como as pesquisas feitas por holandeses, que chegaram à conclusão de que as pessoas se sentem mais à vontade para transgredir as normas quando veem que outros indivíduos já fizeram isso antes. A teoria então sugere que o abandono, em qualquer aspecto, seja de um terreno, de um prédio, de uma praça, de um carro leva a sociedade local a abandonar o senso de comunidade e de cuidado.

A teoria também conclui que a resposta rápida às ações de criminalidade e vandalismo é importante para estabelecer um domínio. Desordem e sujeira nas ruas mais do que duplicam o número de pessoas que jogam lixo na sarjeta e roubam. Parece aquela expressão que todos nós conhecemos, a tal da "Maria vai com as outras". É bem isso. A psicologia deve explicar este comportamento estranho do ser humano.

A Praça é nossa. E foi assim, tendo o cuidado diário de ver se estava tudo no lugar, de manter tudo bonito que a Praça conquistou também o zelo de quem passava por ali. Ao cuidarmos da Praça, as famílias tomaram conta do lugar. E este pertencimento fez com que qualquer ato de vandalismo fosse coibido. Ninguém teve vontade de quebrar uma bolinha, de furtar um pinheirinho.

Se procurarmos outras relações com a tal teoria das vidraças quebradas, vamos ter vários exemplos de lugares e bairros que a pronta ação da sociedade e do poder público tornou um local melhor e mais seguro de viver. Eu citaria o exemplo da Camobi Segura, das praças e canteiros adotados. Lembro de ter lido em algum lugar sobre como Gramado é o que é, quantas vezes o mesmo canteiro foi plantado para ser o que é hoje. A mesma pessoa, não interessa a classe social, que aqui joga sua casca de banana fora da lixeira, quando está em Gramado sente vergonha de fazer isso. São as vidraças quebradas.

Acredito que é um esforço que vale a pena, de todos que desejam uma cidade melhor para viver. De reunir esforços e se tiver que repetir a ação várias vezes, fazer, sem desistir do posto. A Praça é nossa e é nós que precisamos cuidar e educar a todos para cuidarem também. A praça pode ser o canteiro em frente à sua casa, à sua loja; pode ser a sua calçada, a sua rua, a pracinha de brinquedos. Sim, a Praça é sua!


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

OPINIÃO: Quanto vale a vida? Anterior

OPINIÃO: Quanto vale a vida?

OPINIÃO: Respeito Próximo

OPINIÃO: Respeito

Colunistas do Impresso